segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Don't look back.

Bob Dylan
Don´t look back
Sony/BMG

5 estrelas


Fabricando Dylan.

No verão de 1965, Bob Dylan tornava-se um ditador de tendências. Vestindo uma jaqueta de couro e seu Rayban Wayfarer, ele chocava os puristas ao trocar o violão pela guitarra elétrica. Poucos meses antes, D.A. Pennebaker estava na Inglaterra com Dylan e registrava os shows e os bastidores de sua última turnê acústica.

Entre uma conversa mal-humorada com um repórter da revista “Time” e diálogos amenos com fãs, indícios dessa eminente mudança vão surgindo. Em um quarto de hotel, Dylan, Joan Baez e mais um grupo de pessoas ouvem “Maggie’s farm”, uma das canções “elétricas” do recém-lançado álbum “Bringing It All Back Home”. Em outro momento o cantor aparece em frente a uma loja de instrumentos, observando as guitarras.

No final da turnê, Dylan desabafa; “Meu Deus, parece que atravessei alguma coisa, cara...”. Ele realmente havia.

Pennebaker, um dos pioneiros do Cinéma vérité, conseguiu, com “Don´t look back”, registar um momento fronteiriço na carreira de um dos maiores músicos do século vinte e criar um clássico que serve de antítese a filmes da época, como “A hard day´s night”.

*[publicada na revista Rolling Stone 17; fevereiro de 2008]

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